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Venezuelanos saem às ruas para exigir a libertação de migrantes detidos injustamente em El Salvador

Milhares de venezuelanos protestaram contra a deportação de migrantes dos EUA para El Salvador sob a Lei de Inimigos Estrangeiros, denunciando prisões injustas com base em alegações infundadas de envolvimento com gangues.
Venezuelanos marcharam contra a deportação de migrantes dos EUA para El Salvador, rejeitando as políticas da era Trump que criminalizaram inocentes. O governo de Maduro exigiu a repatriação, expondo as violações do devido processo legal e as acusações incorretas do ICE.

Em 18 de março, milhares de venezuelanos marcharam pelas ruas de Caracas para rejeitar a detenção e deportação injusta de seus compatriotas pelos Estados Unidos para El Salvador.

As famílias dos migrantes detidos rejeitaram os esforços do governo Trump para criminalizar seus parentes, vinculando-os a organizações criminosas, onde vários contradizem abertamente a narrativa da Casa Branca sobre seus familiares.

"Ele foi preso em 14 de fevereiro simplesmente por ter tatuagens, alegando que estava envolvido com o Tren de Aragua. Ele não tem antecedentes criminais e está sendo mantido em isolamento após ser diagnosticado com tuberculose. Estou pedindo justiça e que o governo, por favor, nos ajude", disse José Medina, pai de Edgardo José Medina, um dos venezuelanos deportados.

O governo de Nicolás Maduro respondeu severamente à ordem executiva do governo Trump que precedeu a repressão aos migrantes venezuelanos e prometeu retorná-los à Venezuela.

"Esta é uma agressão contra todo o povo da Venezuela, porque nossos migrantes não são terroristas", disse Maduro. "A Venezuela está pronta para denunciar essas enormes violações dos direitos humanos contra os nobres trabalhadores migrantes nos Estados Unidos."

Para realizar as deportações de forma rápida, Washington invocou a Lei de Inimigos Estrangeiros do século XVIII para expulsar à força 238 migrantes venezuelanos para El Salvador, o que foi facilitado por um acordo previamente assinado com o governo de Nayib Bukele. A lei permite a deportação de qualquer venezuelano com mais de 14 anos identificado como membro de organização criminosa. O New York Times relatou ainda que os advogados do governo Trump acreditam que a lei também permite que agentes federais entrem em casas sem mandados.

Washington recorreu ao envio de migrantes venezuelanos para outros países depois que Caracas parou de aceitar voos, após recente aumento nas medidas coercitivas unilaterais contra a Venezuela. O secretário de Estado dos EUA, Marco Rubio, ameaçou emitir "novas sanções severas e crescentes" contra o país caribenho se Caracas não voltasse a aceitar voos.

A administração de Trump admitiu em processos judiciais que não tem uma avaliação precisa das pessoas removidas por meio da Lei de Inimigos Estrangeiros, e que muitos não possuem antecedentes criminais nos EUA.

Em uma declaração aos tribunais, o diretor interino do escritório de campo de Operações de Fiscalização e Remoção do ICE, Robert Cerna, afirmou que a agência "examinou cuidadosamente cada um dos estrangeiros para garantir que eles fossem de fato membros" do Tren de Aragua. Cerna rejeitou especificamente as alegações de que o ICE se baseou em postagens de mídia social, tatuagens ou fotos de venezuelanos exibindo gestos com as mãos relacionados a gangues. No entanto, suas alegações são contrárias a vários relatos de familiares e advogados dos deportados.

"Ele foi detido em uma operação do ICE e, por ter tatuagens, foi mantido no centro de detenção no Vale do Texas", disse María José Flores, durante os protestos de terça-feira, sobre seu irmão que estava entre os levados para El Salvador.

Vários membros da família também apelaram a Bukele - cujo governo está sendo pago pelos EUA para manter os migrantes - para libertar seus parentes.

Ao chegar a El Salvador, as autoridades divulgaram um vídeo tornando públicas situações em que os migrantes expulsos foram vistos sendo submetidos a tratamento severo. A organização salvadorenha de direitos humanos Socorro Jurídico Humanitário relata que mais de 300 pessoas morreram nas prisões em que agora estão sendo mantidos esses venezuelanos.

A Venezuela exigiu a repatriação imediata de mais de 200 migrantes deportados pelos Estados Unidos para El Salvador, afirmando que esses indivíduos tiveram o devido processo negado e foram erroneamente identificados como membros da organização criminosa Tren de Aragua.

Maduro anunciou na quarta-feira que os voos de repatriação para a Venezuela seriam retomados, com um grupo de cerca de 300 migrantes venezuelanos chegando em um voo do México na manhã de quinta-feira. Isso marcou o quarto voo trazendo de volta cidadãos venezuelanos desde fevereiro.

O governo Maduro também iniciou uma campanha de assinaturas em todo o país para expressar apoio aos direitos humanos dos migrantes. Segundo as autoridades venezuelanas, as assinaturas coletadas respaldarão a posição do país perante as organizações multilaterais.

A medida de expulsar migrantes para El Salvador também gerou uma forte reação dentro dos EUA. O juiz federal James Boasberg impôs uma ordem de restrição temporária de 14 dias para examinar a legalidade do ato, mas não antes de os EUA enviarem o primeiro grupo a El Salvador, o que foi uma aparente violação flagrante de sua decisão judicial.

Foto: Wilmer Errades, Últimas Noticias via Venezuelanalysis

Available in
EnglishSpanishPortuguese (Brazil)GermanFrenchItalian (Standard)Arabic
Author
José Luis Granados Ceja
Translators
Vinicius Lima, Anna Ferreira and ProZ Pro Bono
Date
23.04.2025
Source
VenezuelanalysisOriginal article🔗
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