“É muito importante que os conservadores de todo o nosso hemisfério se unam para defender Deus, a família e o país”, disse o candidato presidencial dos EUA, Donald J. Trump, na reunião inaugural da Conservative Political Action Conference (CPAC - Conferência de Ação Política Conservadora) na Cidade do México. “Devemos impedir a disseminação do socialismo e não permitir que ele continue a varrer nossa terra.”
Esta semana, representantes da Internacional Reacionária viajaram de diversos cantos do continente para cumprir a diretriz de Trump: do Chile, José Antonio Kast; do Brasil, Eduardo Bolsonaro; da Colômbia, María Fernanda Cabal. Um elenco repleto de estrelas de autoproclamados e autoproclamadas “combatentes da liberdade”.
Mas o manual da CPAC no México foi escrito muito antes de seus delegados e delegadas chegarem ao salão de conferências. Nos últimos anos, a Heritage Foundation, sediada nos EUA, coordenou uma rede de forças reacionárias—de extremistas religiosos à National Rifle Association—para desenvolver um “Diretiva de Liderança” de 887 páginas.
O documento é apresentado como um programa de políticas públicas a ser implementado durante uma nova administração republicana nos Estados Unidos. Mas como um membro-chave da Atlas Network mais ampla—que conecta think tanks ultraconservadores e membros do CPAC em todo o mundo—a Heritage ofereceu uma visão para a Internacional Reacionária de uma maneira mais geral.
“Não basta que conservadores ganhem eleições”, escreve o documento da Heritage. “Se vamos resgatar o país das garras da esquerda radical, precisamos tanto de uma agenda de governo quanto de pessoas certas nos lugares certos, prontas para executar essa agenda no primeiro dia da próxima administração conservadora. O projeto se baseará em quatro pilares que, coletivamente, pavimentarão o caminho para uma administração conservadora eficaz: uma agenda de políticas, pessoal, treinamento e um manual de 180 dias.”
A Heritage Foundation tem uma longa história na vanguarda internacional Reacionária. Por décadas, a Fundação serviu como um farol do conservadorismo de direita nos EUA e suas violentas cruzadas anticomunistas pelo mundo: desde o apoio ao ditador chileno Augusto Pinochet até a mobilização de apoio aos Contras na Nicarágua, "combatentes da liberdade", como Ronald Reagan os chamava.
Hoje, essas forças reacionárias estão se consolidando mais uma vez, por todo o continente e ao redor do mundo. Sua “Diretriz de Liderança” é um testemunho da profundidade e amplitude de sua visão. O documento, coloquialmente conhecido como Projeto 2025, é tão extenso quanto revelador. Uma leitura obrigatória para forças progressistas ansiosas por entender nossos oponentes hoje.
Desenvolvido pelo Autonomy Institute, sediado no Reino Unido—o mais novo membro do crescente consórcio—o índice remissivo permite que você classifique, filtre e pesquise o conteúdo do documento com facilidade. O documento contém entre seus apelos a repressão de sindicatos, de direitos reprodutivos, de programas sociais, e a chamada "agenda climática".
Convidamos você mais uma vez a explorar a plataforma digital da Internacional Reacionária, onde apresentamos estudos de caso críticos como: “Become Regular Media”—a história de como o Falun Gong construiu uma máquina de propaganda global; “Surveillance State, Inc.”—cobrindo como uma equipe de hackers israelenses lucra com a Internacional Reacionária; e “Hindutva Goes Global”—sobre como o RSS neofascista da Índia exporta a supremacia hindu para o mundo todo.
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Ao bloquear a nomeação de um primeiro-ministro de esquerda, o presidente Emmanuel Macron está tentando subverter os resultados das eleições parlamentares da França. O Observatório Internacional Progressista emitiu um alerta convocando as forças democráticas em todo o mundo a se oporem aos esforços autoritários de Macron para reprimir a vontade do povo francês — e se juntarem ao chamado para a mobilização de 7 de setembro para defendê-la. Leia o alerta aqui.
Em resposta à contínua intromissão dos Estados Unidos nos assuntos internos de Honduras, o governo de Xiomara Castro anunciou que o país se retiraria unilateralmente do tratado de extradição com os EUA, de mais de um século. "A interferência e o intervencionismo dos Estados Unidos, bem como sua intenção de direcionar a política de Honduras por meio de sua embaixada e outros representantes, são intoleráveis", escreveu Castro nas redes sociais. No mesmo dia, o México também anunciou uma pausa em seus compromissos com as embaixadas dos EUA e do Canadá, em resposta à intromissão na reforma judicial em andamento no país.
Bangladesh, que recentemente viu trabalhadores, trabalhadoras e estudantes se unirem em uma onda histórica de protestos, agora foi atingida por inundações. A Federação Nacional de Trabalhadores e Trabalhadoras do Setor Têxtil (membro da IP) relata que quase dez milhões de pessoas perderam suas casas e dezenas perderam suas vidas.
Manteremos você informado sobre a situação e as maneiras pelas quais você pode apoiar os trabalhadores de Bangladesh.
Arte da Semana: Débora Delmar (1986, Cidade do México) investiga os efeitos da globalização na vida cotidiana, e se interessa especificamente pela influência dos Estados Unidos no México e no mundo em geral. Em sua prática, ela examina o valor contextual dos bens, analisando seus sistemas de produção, distribuição e consumo.
Frozen Currencies (Moedas Congeladas, em tradução livre) examina a circulação do café, observando como o preço de uma xícara de café é comumente usado para comparar economias globais, ao mesmo tempo em que a sua produção desempenha um papel na exploração do trabalho. A obra também considera a relação entre o cubo branco e o Café Europeu—originalmente centros para artistas e intelectuais, que são cada vez mais “não-espaços” estetizados, semelhantes a bancos e aeroportos, onde a vigilância influencia o comportamento.