Durante anos, os cientistas têm alertado sobre um " ponto de inflexão irreversível " na destruição da Amazônia. Nesse ponto, a maior floresta tropical do mundo não gerará mais chuvas suficientes para se manter viva. Ao invés disso, a Amazônia entrará em um ciclo de degradação contínua que levará bilhões de toneladas de carbono para nossa atmosfera.
Contrariando esse terrível aviso, o governo de Bolsonaro está acelerando os planos para o projeto da ferrovia Ferrogrão - um projeto que promete arrastar a Amazônia muito além de seu ponto de não-retorno.
O "Ferrogrão", ou "trem de grãos", irá atravessar quase 1.000 km da Amazônia oriental. A principal função do megaprojeto ecocida de US$1,7 bilhões, na prática, será uma recompensa para gigantes do agronegócio como Cargill, Amaggi e Bunge, baixando os custos da exportação de commodities e levando o desmatamento à exaustão.
As ambições neocoloniais de Bolsonaro procuram passar por cima de terras indígenas, áreas protegidas, e comunidades afrodescendentes e quilombolas, em contravenção direta aos tratados internacionais, à legislação brasileira e à opinião pública.
Mas as comunidades e indivíduos na linha de frente amazônica, junto a seus aliados em todo o Brasil, estão resistindo. Ações de apoio ao movimento eclodiram agora em todo o país a partir do Acampamento "Levante Pela Terra" em Brasília, onde representantes de mais de 40 povos indígenas têm protestado durante semanas contra as ameaças governamentais à soberania territorial indígena,. O Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) ganhou uma liminar temporária contra Ferrogrão por inconstitucionalidade, com o caso agora indo para apreciação do Supremo Tribunal Federal. Mas estes sinais de esperança são apenas os lances mais recentes na batalha de séculos pela soberania indígena e defesa da Amazônia.
Agora, aqueles que estão na luta convocam as forças progressistas em todos os lugares a se unirem à sua luta. "Este é um apelo à solidariedade", a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB) e seus aliados no PSOL relataram em uma carta à Internacional Progressista. "Pedimos o seu apoio para nos ajudar a deter esta catástrofe".
É por isso que estamos enviando uma delegação internacional ao Brasil.
Atendendo ao convite da APIB e do PSOL, a Internacional Progressista está mobilizando uma equipe de parlamentares, representantes indígenas, ativistas da justiça climática e especialistas científicos para a Amazônia. Esta não é simplesmente uma missão de apuramento de fatos. Os objetivos, e os desafios, são claros:
Estamos na mobilização para derrotar o projeto Ferrogrão no momento decisivo da história da floresta tropical, da democracia brasileira e da biosfera da Terra. Apoie a delegação e esteja ao lado das comunidades indígenas de toda a Amazônia em sua luta.
Foto: Oregon State University